20.10.06

Livros de hoje, livros de ontem











O escritor António Lobo Antunes criticou esta quinta-feira «a imensa enxurrada de mediocridade que enche as livrarias», classificando-a como «os livros de hoje», que só serão lidos hoje e depois passarão a ser de ontem e serão esquecidos. «Fico de boca aberta com a quantidade de livros que se publicam e que, pelos vistos, são lidos», declarou o escritor, no lançamento de E se eu Gostasse Muito de morrer (Dom Quixote), do jornalista e argumentista Rui Cardoso Martins, que classificou como «um dos melhores primeiros livros que se têm escrito em Portugal nos últimos tempos». «Precisamos de bons escritores, de boa literatura», frisou. «Não há livro que se publique em Portugal que não seja um grande romance, são todos grandes romances - na contracapa. O pior é o que está lá dentro», disse Lobo Antunes, acrescentando que não é crítico literário «nem sequer um intelectual». Sobre a escrita, Lobo Antunes descreveu-a como uma actividade que requer «paciência, orgulho e solidão», sublinhando que não se deve confundir orgulho com vaidade, porque «o orgulho pode ser humilde e a vaidade nunca é». A propósito, o autor revelou que começou um livro quarta-feira e que ainda não aproveitou «uma única linha, uma única palavra», acrescentando que sabe que «vai ser assim nos próximos dois ou três meses». A Dom Quixote edita este mês o último romance de António Lobo Antunes, Ontem não te vi em Babilónia. (fonte: Diário Digital)