11.12.06

O sonho real de Ohran Pamuk












Diante da plateia que lotou o auditório do palácio real Konserthuset, na capital sueca, o romancista Orhan Pamuk recebeu - no dia do aniversário da morte de Alfred Nobel - a medalha de ouro e o diploma das mãos do Rei Carlos XVI Gustavo, assim como o prémio no valor de 1,1 milhões de euros. "É uma grande honra e prazer receber o Prémio Nobel da Literatura, mas ele não vai mudar o meu hábito de trabalho, a minha devoção pela ficção e, muito mais importante, não alterará a forma como dou o meu espírito a uma página em branco". Foi desta forma desprendida que o romancista turco, de 54 anos, fez um retrato de si e do seu percurso literário, na passada quinta-feira, em Estocolmo, perante a Academia Sueca. "Um romancista precisa da irresponsabilidade de uma criança que quer brincar com os seus brinquedos de uma forma divertida", afirmou o escritor turco durante a semana que antecedeu o cerimonial. Na opinião de Orhan Pamuk, ainda que "um escritor pareça indiferente para com a sociedade, o mais importante é ele sentir-se completamente livre". "Tem de se ter liberdade de expressão, ser-se inteiramente irresponsável, e agir como uma criança, mesmo que os problemas de políticas nacionais sejam mais e mais", concluiu. Entretanto, o romancista está prestes a concluir Museum of Innocence (museu de inocência, em tradução literal), a história de um homem de classe média/alta, numa Istambul contemporânea, obsessivamente apaixonado por uma parente distante. "O livro é ao mesmo tempo uma exploração dos hábitos e obsessões humanas e um panorama cultural e das principais mudanças históricas de Istambul", confessou. Já sobre o Nobel rematou "Saboreei o prémio, sozinho, nos meus sonhos". (fonte: JN)