21.2.07

A estratégia do "If: Book"












O décimo romance de Luís Carmelo, E Deus Pegou-me Pela Cintura, cuja edição em livro só aparecerá nas bancas no início de Março, saiu bem antes disso a público. Pode parecer paradoxal, mas assim é: partindo do princípio que um livro não vive apenas entre capa e contracapa, editor (Guerra e Paz) e autor decidiram antecipar a ficção e proclamaram na rede um dos factos narrados no romance como estando a acontecer na realidade. De facto, o enredo de E Deus Pegou-me Pela Cintura dá-se a isso, na medida em que alia a história portuguesa das últimas três décadas à mais iminente actualidade: o rapto de uma jornalista portuguesa no Líbano já depois da guerra de Julho e Agosto de 2006. Basta ir ao Google procurar o nome da jornalista, Rute Monteiro, e perceber-se-á facilmente a dimensão da polémica em curso. O Instituto para o futuro do livro da University of Southern California tem caracterizado a estratégia do “If:Book” dentro deste tipo de ficcionalidade que extravasa o clássico objecto livro e que tem passado a recolocar sobretudo na rede uma nova ambiguidade entre vários níveis de realidade. Foi precisamente nesse espaço de ambiguidade criativa e particularmente apelativa que o décimo romance de Luís Carmelo, E Deus Pegou-me Pela Cintura, começou por existir… antes ainda de existir enquanto livro.